domingo, maio 02, 2010


Angústia do Mundo

Eu tenho a angústia do mundo,
Este pesadelo eu tenho.
O Pesadelo do artista, do corrompido, dos ratos que espreitam o queijo...
Mares de água, Mortes de sangue, águas mortes, mares de sangue !
Tenho a indecisão dos amantes, a sofreguidão das mães abandonadas...
Tenho o nada e o tudo, a fé e a descrença.
Tenho presença de tudo que fui ou serei um dia
Ou do que nem sei que sou.
Amor, Dor, Ritos, Gritos, Sinos e Sendas
Flor, Vendas, Filhos, Livros e Cor
Eu tenho a angústia do Mundo, eu Tenho a Guerra em mim
Espadas, Adagas, Saara sem fim
O lenço branco do vento, o sol vermelho do fim
Trago a fúria do tempo, o beijo amargo carmim da prostituta
A Luta, o luto, a letra que borda lençóis de cetim.
Eu tenho a angústia do mundo, o desabafo do fadista, indecisão dos amantes, o nada e o tudo !
Tenho a mim, a cabeça em rodas, embriagada de sim...
Tenho rimas pobres e vulgares deste poema, trago a ânsia desta obra sem fim.
Que nunca se faz, colcha que nunca acontece
Eu tenho as idéias inúteis que se perdem como agora
O que fazer, a quem amar ?
Eu tenho a angústia do mundo, eu tenho a guerra em mim
Eu tenho a Guerra em mim, a angústia do mudo.
Um sonho sem fim. (Charlie Rayné)