sexta-feira, maio 13, 2011


A Avó

Uma receita. As pessoas são guiadas por forças e ela sabe juntá-las. Forças e Pessoas. Ela sabe separar pessoas e forças. Ela sabe interferir em coisas que dizem impossíveis de tocar. Reza forte da avó. Reza de ladainha, insistente, sem hora para acabar. Vive disto e disto se compraz. A avó sabe o que faz.
A neta se enrabichou? Rapaz despropositado? Uma reza e a vela se apaga. Rapaz não volta mais. A neta que chore. Choro é coisa boa para a maturidade. A maldade? Maldade é uma menina se desgraçar na flor da idade. Maldade é uma mulher que ama um homem e não o tem. Maldade é não deixar que um traidor se perca na cachaça! Maldade é um indesejado no ventre.
Ela senta na cadeira, Rainha. Tem os olhos profundos, de pálpebras caídas, braços gordos e viris que manipulam ingredientes. Toda contente de seu poder. Toda contente do desdém que sente das gentes que não vem bater à sua porta.
A neta chora, desconsolada. Trancada no quarto. Definha a olhos vistos. Pelo visto, a avó lhe odeia. Quer morrer, mas a avó não deixa. Ela sente fome, tenta não comer e a velha lhe enche a boca de comida. Tudo assim, à força! Sem amor, sem esmero, sem tempero de mãe. Quem disse que todas as avós são boas? Velha desgraçada!
- O moço se perdeu na vida, encontrou uma outra mulher...Até jogar em cavalo, joga! Que tenho eu com isso?
A avó lhe afaga o rosto. Aquelas mãos cheias de imundície, aquelas mãos que tanto levantam para comandar um bando de gente fanática e infeliz. Mãos de galinha morta.
O menino está dentro dela. Ela sente se mexer. Não há força que o impeça de nascer. Não há. A avó não pode contra a vida. Vai cantar para seu bebê as canções que ouvia da mãe. Mãe fugiu da Avó. Agora ela entende. Ela só não entende o porquê de ter sido abandonada.
- Vais seguir a minha sina. A continuação de todas as nossas gerações!
- Não quero ser assassina! Prefiro morrer a sujar as minhas mãos.
A avó sorri. Toma-lhe do braço e lhe atira num quarto cheio de imagens toscas, estranhas, de símbolos que ela considera profanos. O filho se mexe muito. Decerto está nervoso. Decerto está com medo.
Noites e noites ali, deitada. Não via, nem ouvia voz de gente. Nem sol, nem vozes. Só um som irritante de sineta. Grita! Grita e ninguém! O sangue vem, tisnando o chão branco. Chora e pede pelo filho! A Avó sabe! A avó vê! A porta se abre, a velha, pode-se ver, está contente.
- Nunca vi uma mãe abandonar o filho por um capricho. Se sangue vem, pode ser estancado. O que não se pode é ser escravo de uma determinação sem fundamento.
O filho está salvo. Tudo por ele. Por ele, tudo. A avó que peça e ela faz.
- Filha, não és tu quem eu quero, mas tua filha. Ela é nossa continuação.
Ela se ergue, forte, toma nas mãos um cajado de pedra, a avó queda. Ela bate com a força de todos os santos!
A criança se mexe. A porta se abre. A criança nasce. A mãe aparece.
- Filha, cumpriste a nossa sina. Aqui neste lugar uma avó sempre comanda. Seguirás teu destino e me deixarás com tua filha até chegar o momento de me destituíres e tomares tua neta nas mãos.
A avó determina. A avó sabe o que faz.
Charlie Rayné- Jornalista- charlie.rayne@gmail.com

sexta-feira, fevereiro 18, 2011


Filho Prodígio
Ele escuta uma música que fala de filho pródigo. O ônibus sacode, o coração treme, esperançoso por voltar àquela terra. A terra nos faz nascer, ela doa os primeiros encontros, o clima propício, as palavras comuns, a primeira bagagem. A mesma terra nos faz sofrer, posto que ela é palco das nossas tragédias mais íntimas, posto que nascemos dela e nascer é trágico.
Viagem intensa: Selva de Pedra-Interior. Sente uma dor deliciosa, dor de voltar ao obscuro ventre que o cuspiu no mundo. Não, não foi a terra tão sua que o cuspiu, foram as gentes! Mas o que são as gentes senão a terra com comunicação verbal?
O ônibus para. Nada a sua espera. Nada. Tomou o táxi sem saber para onde ir, sem nada mais saber. Sangue descontrolado na veia, frenético, sem saber para onde correr.
- O Senhor vai para onde? Senhor? Aonde Senhor?
Ele nem sabe. Parado no táxi, na cidade parada para ele. Ele não é mais dela? Pensou tanto, planejou tanto voltar que percebe que não há amigos nem sonhos de infância. Só gente duvidosa dele e ele mais duvidoso ainda de si e deles. Eles quem? Nem existiam mais ou existiam no interior do seu interior?
- O Senhor está se sentindo mal?
-Meu jovem, leve-me para aquele hospital, aquele antigo... Foi lá que eu nasci.
O taxista é jovem, não entende do que ele fala; o taxista não sabe que naquele cenário ele sorriu e chorou, às vezes, inúmeras vezes... O taxista desconhece os mortos dele, nada sabe de chão, ainda não. Ainda não é tempo.
Morrer onde nasceu. Ele tem o privilégio disto. Poucos podem planejar - a morte nem sempre avisa. Ele não, ele está ciente, ele recebeu este presente e futuro não existe mais.
Saudade e Raiva. Lembrança e vontade de esquecer.
Pára o táxi. Ele desce. O taxista cobra a corrida. Ele não quer pagar, mas paga. A cidade não o deveria indenizar os tempos injustos? O taxista é jovem, não entende de história, ainda não.
- Está vendo aquele prédio ali moço? Meu pai que fez e eu ajudei a construir.
O taxista sorri, inexpressivo. Ele fica ali, defronte do prédio e adiante não há mais. Outro carro, desgovernado desponta: apressado, engole o carro do taxista, que dança no céu e na terra pousa. Ele é velho, já viu muitas coisas, mas o jovem não verá! Aproxima-se do carro. Sangue vivo. Jovem morto? E o outro carro? Onde está?
O Hospital. Ele corre como se tivesse a energia de antes. Ele corre com a energia do rapaz que agora é velho, que agora é tarde demais. Transplante de vida?
O jovem nada mais pode fazer, mas ele pode ainda! Ele pode respirar o ar daquela noite triste e mágica. Ele pode ver aquela folha cair e levantar pela força do vento. A terra pode nos fazer nascer, morrer e nascer de novo- pensa.
Ambulância, gentes e sirenes. Ele se afasta, não quer saber de fim, mas de recomeço. A dor deliciosa do Filho Prodígio.

Charlie.rayne@gmail.com- Jornalista

quarta-feira, fevereiro 09, 2011


A Dona do Pássaro Livre

O amor é pássaro livre, se te amo, cuidado. Ela disse bem assim. Um trecho traduzido de Carmem. Ela disse com os olhos fortes, aguados. Ela disse com dele. Enroscou-se, preparou seu bote e beijou-lhe a boca com força nos braços miúdos, braços que se grudaram ao pescoço mordidas fortes e hálito de chiclete tutti-frutti. Ela falou da importância e da responsabilidade de cativar as pessoas e citou Exupéry com sua obra O pequeno príncipe.

Frases feitas a dela, frases que ela ousou se apoderar, frases que se incorporaram a sua cabeça de mulher menina ou melhor, menina-mulher.

Ela põe a colher na boca do amado, ela desmancha-se em elogios, ela dá gritos de felicidade. Ela, toda a felicidade e ele tem medo. Ele tem medo de amar aquela menina tão encantada que o desencantou de antigos amores, que colocou na sua vida pitadas de açúcar, que o fez pensar novamente na saudade do que ele já nem sabia mais.

Ela o deixa livre e isto já o engaiola e isto é bom. Ela o larga no firmamento e ele sempre volta ao cativeiro, ele enjoa o céu e quer a terra firme de seu corpo pequeno e tão grandioso. Ele bate as asas e vento faz para que ela se refresque e isto é tão involuntário que lhe assusta. Quando ele a toca com seu bico já é, já foi, já aconteceu sem ele perceber.

Ela sabe que o ninho dele será numa terra distante. Ela sabe que ele é um livro que será emprestado e talvez nunca mais volte a enfeitar sua estante, mas ela o lê, ela o relê, ela revira suas páginas e coloca seu nome na folha de rosto. Ele deixa. Ele não se queixa. Ele quer. E ela vai, aos poucos, preenchendo sua história, reescrevendo e apagando sua vida trágica, colocando juventude e comédia, bolas de sabão e passeios de moto cor-de-rosa.

Ele, muitos anos a mais que ela. Ela nascera e ele já formado estava, já deformado andava pelos solavancos da vida, das armadilhas da noite, dos papos vazios e inúteis.

Ela tem consciência de que várias vezes ele perdeu sua plumagem, que inúmeras vezes alpiste lhe foi negado, que tantas vezes sua gaiola enferrujou, que mutilaram suas asas.

Ela o ensinou a voar novamente. Ela o cativou eternamente... Ele vai voar longe dela um dia! Ela disto sabe e nada quer além do tempo que lhes resta! Ela já é dona dele e não se vangloria, não deseja assumir autocraticamente a função, antes, quer que ele voe, voe, voe...

O amor é um pássaro livre... Se te amo, cuidado. Ele não tem medo de voltar à gaiola. Ele vai voar e vai procurar sempre o ninho que ela elaborou para ele com todo o cuidado, com todo o esmero, com toda a delicadeza do mundo.

Charlie Rayné- charlie.rayne@gmail.com

segunda-feira, novembro 29, 2010


A Borboleta

Sentou-se diante do espelho. Em que havia se tornado? Maquiagem demais estraga a beleza da mulher? Ela usou muitos batons, blushes, rímeis...Riu muito durante as noites, risos falsos e repetitivos que ela nem sabia que eram falsos e repetitivos. Ria para agradar e se acostumara com o ofício.
Pegou o batom e pintou a boca murcha. Soltou os cabelos amarelados de tinta. Riu como antes e fez uma pinta no lado esquerdo da boca. Tomou o cigarro com piteira e fumou, riu, tossiu e chorou- tudo assim- ao mesmo tempo- as expressões múltiplas se sobrepondo umas às outras...Voava, voavam as várias faces...Mais uma vez saía do casulo e as asas eram maquiadas com todas as tonalidades possíveis e balançavam e balançavam e balançavam.
Lembrou-se da avó. A avó costurava. A avó costurava as asas da família e as colchas que protegiam do frio. A avó também era borboleta, mas escolheu a vida direita. Ela, não. Quis voar e tanto voou que nunca teve porto seguro. Mas o que é porto seguro? Lavar a louça, cuidar dos filhos, varrer o chão, cozinhar?
Era borboleta assumida. Gostava da lua, das jóias e das promessas grandiosas ao pé do ouvido. Não precisavam acontecer de fato, ela só queria ouvi-las: “ Vou te levar para Paris” “Largo tudo por ti!” “Vou te mandar um diamante”
As lágrimas. Por que vieram? Ela escolheu o seu destino. Lágrimas insistentes! Lágrimas borram a maquiagem, o rosto desfeito como pintura de palhaço suado e vulgar. A avó! Lembrou da velha avó que voou ao vazio da vida em família. Lembrou dos últimos encontros, quando sentava ao lado dela e tentava costurar. A avó falava da vida, dos ventos, das várias vozes de família.
- Ai!
- Cortou-se? Toda costura envolve riscos.
- Cortei-me. Percebe o sangue, avó?
- Sangue vivo. Indício de que a costura desencadeia sangue.
Costuro anos a fio estas asas de borboleta. Juntei todas as nossas mulheres. Todos os pedaços de vida estão aqui. Pedaços de vida infeliz em sua maioria . Neste passatempo, esqueci o abandono, o descaso, a escravidão imposta pelos filhos e pelo esposo.
- Costuraste para esquecer a inquietude do coração? Artifício de abstrair o amor inquieto?
- Sim, filha. Estão quase prontas as tua asas. Eu não posso interferir na sina de cada uma das nossas mulheres. Quando as asas estão prontas ou se morre ou se voa...Eu morri.
A avó nunca usou as asas, ela as fez para que as netas pudessem escolher entre o casamento ou o mundo. Nenhuma sacrificou a vida direita...Ela, das netas, foi a única. Abandonou tudo e foi viver. As lágrimas secam e dão ao rosto uma textura grudenta, pegajosa. Está pronta para o último voo.Está arrependida de não ter escolhido o outro caminho. Está só e sua cor já não é mais a mesma. Borboleta infeliz! Acreditou na liberdade e se esqueceu de que no fim da vida, a liberdade é tudo que não se quer.

Charlie Rayné- Jornalista
Charlie.rayne@gmail.com

domingo, julho 25, 2010


Autobiografia


Olho azul, mas a alma nem tão celeste assim...Assim como todo mundo, feito de luz e sombra! Mais luz do que sombra, pois quando a sombra chega tenho tentado acender refletores de espetáculo.
Cabelos com os primeiros indícios de neve e algumas marcas de expressão, ainda tímidas que me farão um Senhor de muitas rugas e Histórias.
Escritor por vocação, ainda sem livro publicado. Pai de Miguel e sem ter plantado uma árvore.
Ainda não tenho carro, nem casa própria, não tenho namoradas e isso não quer dizer que não as tenha pelo simples fato de não possuir os bens citados acima. Não gosto de lavar louça nem fazer comida por obrigação. Detesto que me chamem de Charles e sou um romântico escondido por detrás das decepções amorosas que colecionei ao longo da minha trajetória.
Sou ator e tenho máscaras várias, mas nunca as usei para enganar os meus amores, os meus amigos. Se as usei foi para privá-los de tristezas desnecessárias ou para fazê-los rir das minhas patéticas piadas.
Adoro a madrugada e nela encontro as sombras dos seres humanos. Nós somos, ultimamente, mais sombra do que luz...Gosto de conhecer as pessoas, mais as suas máscaras porque elas são a nossa vida idealizada, refletida no espelho.
Sou professor e às vezes tenho vontade de rasgar todos os livros e dizer a eles que eu nada sou diante do que a escola da vida nos ensina.
Gosto de declamar poesias, gosto de música que dói no peito, gosto de ceroulas para dormir e nos dias de frio já matei alguns banhos.
Tenho poucos amigos, escolhidos a dedo, e muitas vezes perdi os dedos mas continuei sendo amigo deles. Fumo e bebo e também oro a Deus, e isto não quer dizer que sou alguém na corda bamba, que sou morno, que sou pecador...Sou quente e frio!
Não busco uma paixão, nem quero jantares à luz de velas e cruzeiros...Não busco corpos idealizados, cérebros artificiais, roupas de grife e loiras estonteantes. Quero mulheres que sejam mulheres: vaidosas sem excesso, magras ou gordinhas sem excesso, carinhosas sem excesso e parceiras com excesso!
Gosto de compartilhar um bom livro, comer pipoca com orégano e queijo ralado, brincar feito criança, escrever bilhetes e cartas de amor e viajar nem que seja para o interior do interior do interior.
Não aceito grosserias, estupidez, manias de grandeza, desinteresse por aprender, dinheiro fácil, rostinho bonito e coração descontrolado.

Prazer, Charlie Rayné

segunda-feira, julho 12, 2010


Marcas...

Ele tinha uma marca. Uma marca do passado. O Passado que condena no presente, que ameaça o futuro. Marca de boi, tatuada a ferro quente. Uma marca. Quem atira a primeira pedra? Todos atiram as pedras, todos zombam dele, todos e ela muito mais que toda a multidão. Ela, a pureza. Ele, a imundície, a sujeira. Ela a justa e correta, porta voz da verdade. Ele, um poço de mentira e falsidade. Ele não só atira as pedras, como também as aquece no fogão e gruda na sua testa, uma a uma, todo dia, dia todo. Ela pega as pedras e cria um caminho desordenado para ele, para que ele se perca, para que ele se esqueça de que é um ser humano.
Ela não sabe que o tempo move as peças, ela não sabe que as pedras que atira são as mesmas que se voltarão contra ela. Ela não sabe o que é uma fera sofrida, não sabe que as feridas cutucadas despejam coisas inimagináveis. Ela não sabe de nada. Ela não sabe que um dia ele foi todo dela. Ela ferve água na panela e despeja sua ira, sua revolta, sua vida canhota, seu vazio...Ela precisa de um circo: Ela, a domadora. Ele o leão covarde, leão combalido, cansado de guerras inúteis e desafios fúteis. Ela a domadora, domando a força de um bicho esfomeado e marcado pelo tempo.
Quem és tu para julgar? Quem és tu para atirar pedras em quem te ensinou a fazer castelos com elas? Atira as pedras que quiseres! Eu as pego e guardo no meu bolso. Elas me farão companhia e estas pedras serão um dia a trilha que vai te levar para mais perto de mim.

sexta-feira, junho 25, 2010


Empata – amor

O que empata o amor, o que o torna inconcebível, incoerente é o coração. Parece mentira, mas este coração tem vida própria e nos prega peças inimagináveis. Temos nossa vida escolhida, nossos amados escolhidos, nossa vidinha programada e num repente o músculo involuntário nos modifica o cenário e nos coloca em situações caóticas e completamente sedutoras.
Ela passou anos a fio tentando remendar seu casamento, lutou pelo seu homem com garras de leoa. Ele bebia, fumava, cantava na chuva, balançava outras saias e num repente se transformou num homem honesto. Ela conseguiu mudar seu amor e num encontro recheado de romantismo e promessas de uma vida unida em família, o garçom deixa cair uma taça de vinho sobre seu vestido branco. O garçom pede desculpas e ela, raivosa, olha gravemente em seus olhos. O garçom, ex colega de escola, ex namoradinho do primário, excelente primeira transa!
Fim. Seu casamento estava perdido naquele momento e em todos os momentos vindouros, o coração havia mudado as peças de lugar, o que era não era mais, o que esperava não bastava mais. De nada adiantaria ela nunca mais ver o rapaz, pois embora não o visse mais, aquele reencontro era a constatação de que o coração não mais pulsava pelo marido agora honesto.
Saiu, desconcertada. O marido, sem nada entender, seguiu a esposa sem nem olhar para o lado, ou melhor para as garçonetes, afinal, agora ele era um exemplo de honestidade. Entraram no carro. Ela chorou muito, com a cabeça enfiada no volante. Ela chorava por tudo que esperou do marido, por tudo que idealizou, por tudo que deixou de fazer, ela chorou de prazer e de dor.
- Amor, o que aconteceu?
- Tudo. Aconteceu tudo e nada. Este momento, este jantar tão esperado é o meu espelho. Estou viva e morta. Sou humana, só isso!