sábado, janeiro 06, 2007


Ano Novo
Ano Novo. 2007. E daí? Por acaso você conseguiu se livrar daquela barriga de chope? Conseguiu, num átimo, comprar um frigobar para acomodar suas banalidades alimentícias? Transar com a mulher ou o homem dos seus sonhos? Conseguiu mandar sua sogra ou seu sogro ou aquela prima gorducha e maledicente para Kosovo? Não tomar um porre homérico e descobrir que sua sanidade está num copo de cerveja? Abandonar o cigarro do paraguai que é mais barato e que te ajuda a morrer antes de 2007 acabar?
2007. Ano Novo. Ele, na contagem da meia noite contou-me que sentiu uma luz azul intensa penetrando todo o seu ser e que a partir dali 2007 seria uma sucessão de grandes projetos e alegrias. Certamente, no outro dia, ele acordaria e veria sua mulher sem mau hálito e sem um tubo de corega na cabeceira da cama, olharia a calcinha dela e perceberia que não era mais um saco de estopa enrolado numa bunda de elefante e numa perereca amazônica, repleta de matas, árvores e de vez em quando jacarés.
Ano Novo. 2007. Ela, na contagem da meia noite contou-me que sentiu orgasmo e que aquilo era a resposta da natureza para muitos desejos que seriam saciados.
No Outro dia acordou e viu aquele ser magrelo, branquelo demais, com cueca esburacada na região erógena e teve uma visão: aquela minhoca envolta num buraco jamais sairia dele. A minhoca magra e preguiçosa nunca sairia daquele buraco e não existiria encantador de cobras ou minhocas que a dissuadisse.
2007 não muda nada mesmo!
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Promessa de Reveillon
Ela usava um vestido branco de bolinhas pretas. Preta e Branca. Cabelo liso, escorrido, graças a estas máquinas que transformam anéis em finas correntes de ouro. Cabelo dourado o dela. Ela portava na mão um copo de uísque duplo, cowboy! Quão boa ela era, pensei. Tinha cara de triste e boca de meretriz, corada por um batom vermelho com um gloss que chamava minha língua...
Ela sentou no meio fio da calçada. Eu acompanhei.
- Não sente no meio fio, sente no meu colo, princesa!
Ah, como eu gostaria de dizer isso. Ela sentaria no meu colo, chorando, implorando que eu fosse o novo amor de 2007. O primeiro, pelo menos, o primeiro homem de 2007.
Ela sentou no meio fio da calçada. Eu acompanhei.
-Gosto de tudo que é forte. Uísque!
Ela sorveria o uísque deixaria cair no peito e eu sorveria o peito com uísque e ela pediria coquetéis, chamapanhas, e tudo mais para que eu fosse o primeiro homem a sorvê-la em 2007.
Ela sentou no meio fio da calçada. Eu acompanhei.
- Está triste?
-Quer uísque?
- Aceito
-Feliz 2007
-Pra vc também
-Está triste?????
- Problemas sentimentais...
-Posso ajudar?
- Briguei com minha namorada.
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Uma janela aberta para 2007 conversa para a janela de 2006 que se fechou:
- Querida, não chore! As coisas não vão mudar muito. Esssa troca de ano é igual a troca de presidente entra um espantalho, sai um larápio, sai um espantalho, entra um larápio.
- E você foi um espantalho ou um larápio?
- Larápio.
-Quer dizer que sou um espantalho?
-Não. Um larápio!
-Espera! Eu sou 2007. Você é 2006. Você disse que era larápio e que 2007 era um espantalho! Como pode?
-Querido 2007. Você é uma farsa. Você sou eu! Um larápio! Somos a mesma janela! Vencemos a eleição!
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Meus leitores,
Estou apaixonado em 2007. Não vou criar situações dramáticas na minha vida pessoal. Esqueçam disto! Não vou! Encontrei uma mulher excelente e que é maluca como eu. Que também escreve coisas malucas. Bebemos coisas malucas, fazemos coisas malucas e enlouquecemos na nossa loucura.
Vocês ainda tem esperança! Aconteceu comigo!
Ai que ponta de inveja que sinto de mim! Quem é esse escritorzinho de blog tripudiando do ano que chega, das esperanças das pessoas, relatando casos mal sucedidos de reveillon e que está feliz? Vai para o inferno, Charlie Rayné!
Vc não é nada!!!!!!!!! O que você quer e pensa da vida, hein?
Eu respondo:
-Nada! Eu não quero nada! Pensar em nada! Eu quero viver e nada!
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Feliz 2007
Que possamos estar juntos sempre
E que estas minhas palavras que podem abranger poucos
possam trazer muitas respostas!!!!!!
Charlie Rayné de Nada!