
Caros Amigos,
Conforme prometido, cá estou para novamente postar alguns escritos meus. Como eu andava um tanto descuidado e levemente vulgar em alguns tópicos desenvolvidos, resolvi escrever sobre temas pertinentes e tentar aprofundá-los.
Hoje temos um texto que fala sobre vilania. Importante ler e identificar estes seres que nos envolvem e fazem grandes estragos às almas desprevinidas.
Boa Leitura!
Estudo sobre Vilania...
Discordo do grande dramaturgo clássico Sófocles, quando disse que somente o tempo poderia revelar-nos um homem bom, e que para identificar um perverso bastava um dia. Concordo que muitos homens que parecem bons só podem ser conhecidos com o tempo. Os vilões são seres terrivelmente sedutores e grandes artistas, são capazes de pronunciar sábias palavras recheadas da mais sutil estratégia para assim dar o golpe de misericórdia em suas vítimas desprotegidas.
Os verdadeiros PHDs em vilanice usam as ferramentas dos bonzinhos para atingir suas metas. Procuram desenvolver uma conversa agradável, envolvente, e se mostram incapazes de grosserias. Abraçam suas vítimas, moldam-se às situações com uma maestria que só os camaleões sabem desenvolver. Gesticulam bastante, seus olhares são firmes e vez em quando lágrimas despontam de seus olhos.
Na cabeceira de um vilão não pode faltar a obra prima de Maquiavel,“O Príncipe”, e a tragédia shakesperiana Otelo, cujo principal objeto de estudo não é o protagonista, mas o nosso admirável Yago. Pra quem não leu a obra e quer conhecer um pouco deste personagem tão carinhoso, cabe ressaltar que a partir de sua trama em busca do poder, o nosso Yago mostrou-se um respeitável e dedicado amigo de Otello, conseguindo tocar no ponto mais frágil do homem: sua mulher Desdêmona. Tanto fez que conseguiu despertar no pobre o veneno do ciúme, tirando assim de seu caminho o suposto amante, que desfrutava da posição que ele tanto almejara.
Um vilão, na maioria das vezes, tem sempre um cupincha, um funcionário puxa saco que pratica as maldades mais vulgares, deixando para o mestre o prato principal. Existem várias modalidades de assessores de canalhice; os boateiros, os espiões, os ambiciosos, as secretárias,os asessores e por aí vai uma interminável lista que nem caberia no papel. Mas, como eu ia dizendo, estes funcionários fazem o trabalho pesado, deixando para o mestre o reparo final Vamos a um exemplo prático: Fernando I, um imperador famoso, tinha como fiel escudeiro, Paulo. Fernando amava com tal fervor seu país que resolveu sugá-lo gota a gota. Sim, ele, o Imperador, também era um vampiro. Paulo tinha a função de raptar, abiscoitar as vítimas e entregá-las para sua majestade.
Para o Imperador bastava o sangue vivo, o néctar da hora. Um dia, a verdade chegou a tona e quem teve de sofrer a fúria dos Deuses? Fernando com a astúcia da vilania, refugiou-se noutro Reino e agora está de volta, os vampiros são imunes aos simples mortais. Paulo foi queimar no fogo do Reino de Hades.
Há casos onde o cupincha supera o mestre, quem não lembra de Frankestein? Entretanto, nesta modalidade de vilania a maior incidência acontece entre as mulheres –as esposas submissas, que num grande jogo de estratégia sutil e perniciosa, são capazes de arrancar até a alma dos esposos: fabricam herdeiros, falsificam assinaturas, fingem orgasmo e vão à igreja regularmente.
Sim, trata-se de um tema antigo, mas que renova-se ao longo da história: os avanços tecnológicos comprovam a tese: fabricam-se vírus, invadem-se computadores alheios, roubam-se órgãos, manipulam-se cérebros através dos meios de comunicação, e muitas outras coisas esdrúxulas.
Muitos hão de perecer com artimanhas, golpes e confiscos de toda sorte, e afim de conhecimento ficamos com os dizeres do mestre Yago, ao explicar o desenrolar de sua, e por que não?- de toda trama maléfica - “...já começa o veneno a produzir o seu efeito: ao princípio apenas fere os lábios, mas depois, como torrente de lava, queima as entranhas...”(Otelo, de Shakespeare)